segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O consumismo x o consumo cidadão

Nestor Garcia Canclini é um antropólogo argentino que atualmente é professor e investigador na Universidade Nacional Autônoma do México. Os focos de seus estudos são a pós-modernidade e a cultura. O filósofo é considerado um dos grandes nomes da comunicação e da sociologia mundial.

Em seu livro Consumidores e cidadãos, Canclini trás para nós um importante tema da atualidade, a relação entre a cidadania e o consumo, fazendo uma análise destes por meio da cultura e do processo de globalização. O autor trata o consumo de uma forma diferente da que geralmente estamos condicionados a ver, não pela ótica capitalista, onde as pessoas são influenciadas a consumir além do que precisam para manter o mercado aquecido, o que conhecemos por consumismo. Canclini propõe um novo modo de enxergarmos o consumo, defendendo que através dele as pessoas ampliam sua noção de cidadania,

Para o autor o reconhecimento de um indivíduo enquanto cidadão que é, está diretamente ligado aos produtos que é capaz de possuir ou usufruir. O valor simbólico que esses bens representam seriam capazes de despertar no indivíduo o seu sentimento de cidadão digno. A globalização aproximou culturas e países, colocando ricos e pobres em contato uns com os outros, assim aqueles que não são privilegiados economicamente, que não fazem parte da elite, passam a ter contato e conhecer tudo aquilo que o capitalismo é capaz de produzir, bens que os fariam integrados e aceitos na sociedade da qual fazem parte. Ter água tratada em casa, poder ingerir um alimento de boa qualidade, frequentar o cinema ou ter em uma assinatura de TV, por exemplo fazem com que a pessoa dona desses recursos se sinta incluída.

O consumo cidadão ou consumo consciente


Apesar de encarar a realidade da sociedade de consumo, Canclini não é pessimista em relação a ele. O antropólogo o vê como um meio pelo qual as pessoas começaram a valorizar aquilo que têm e a forma como foram produzidos. Uma vez que o consumo os torna cidadãos, atitudes conscientes reforçam sua cidadania. Consumir de forma consciente é pensar nas consequência da compra, usar aquilo que possui de forma responsável, pensando nos outros que estão à sua volta e naqueles que ainda nem nasceram, as futuras gerações e o planeta que essas vão encontrar.




Pessoas que têm a noção básica de cidadania e que se sintam verdadeiramente cidadãos não vão consumir de empresas que utilizem trabalho escravo, que não respeitem o ambiente por exemplo. O consumo, a compra, é a forma de fortalecer uma empresa no mercado, dando o seu crédito a elas. O consumo cidadão ajuda a tirar do mercado empresas que não produzam de forma responsável.

Atualmente o tema "consumo consciente" vem ganhando cada dia mais força e sendo pauta de discussões nacionais, a redação do ENEM 2014 por exemplo foi a publicidade infantil, que está diretamente relacionada ao consumo cidadão.

A luta Criança e consumo defendida pelo instituto Alana ilustra bem o conceito de consumo cidadão:





domingo, 30 de novembro de 2014

A demanda da identidade

Jesús-Martin Barbero é um espanhol nascido em Ávila, em 1937, que firmou residência na Colômbia. Estudou principalmente os meios de comunicação em massa, com foco no sujeito e nas mediações sociais. Com os meios de comunicação cada vez mais globalizados, ele explica que existe uma tendência à uniformidade, principalmente com o marketing sempre na tentativa que racionalizar tudo aquilo que o consumidor sente, para assim sintetizar os meios necessários para atingir o consumidor. Mas isso, na prática não acontece como os grandes mercados desejariam. Mesmo que tentem conhecer profundamente as necessidades das pessoas, para assim direcionar a elas aquilo que as satisfaça, o resultado é que não há a satisfação total, uma vez que não estão todos completamente felizes. Assim, de uma certa forma, aquilo que se tenta vender como sendo o que todos gostam, ou procuram, como uma maneira de direcionar ou controlar o consumo, não se concretiza totalmente, pois o controle está também com aquele que consome. Se as táticas comerciais globais funcionassem efetivamente, não haveriam conflitos sociais, turbulências entre classes ou insatisfação com o próprio, perante as posses alheias.

O autor destaca ainda que as novas tecnologias fizeram com que a cadeia de relação entre a produção e o consumo se modificasse, através dos novos modos de comunicação. A globalização não só mercantilista, mas também a de sistemas de informação, acaba por exercer influência na manutenção e formação de novas culturas, que agora possuem origens diversas, que se identificam partindo de diferentes regiões, povos, etnias e se encontram por quesitos de afinidade em opiniões e consumo, e não mais principalmente pela convivência física regional. Barbero propõe ainda algumas idéias, como pensar a comunicação por um  meio de desenvolvimento e inserção de diferentes culturas, as reconfigurações políticas que as diferenças globais provocam, as mutações tecnológicas que abrangem as informações, além do surgimento e morte das identidades.

Uma das principais idéias ou conceitos do autor, são as Mediações. Segundo ele, as mensagens passam por espaços, de natureza simbólica ou representativa entre o emissor e o destinatário, onde existem multiplas variáveis. Isso pode fazer com que o receptor não perceba a mensagem da mesma forma ou intenção que o emissor quando a produziu, e essas mediações seriam estratégias de comunicação. Ele ainda classificou alguns tipos de mediações:

Mediação Estrutural: são aquelas relacionadas as influências do contexto social, classe e convivência.
Mediação Institucional: aquelas realizadas pelo papel da igreja, partidos e escola.
Mediação Conjuntural: entra no contexto do receptor, faz uma imersão no modo de vida de quem recebe a mensagem.
Mediação Tecnológica: relacionadas ao cinema, rádio e tv, entre outras. Permite o estudo das lógicas dos sistemas produtivos e a lógica de seus usos.


Podemos observar algumas de suas idéias no modo como a população reage às novelas e filmes. Classes sociais diferentes interpretam o universo mostrado na tela a partir dos seus pontos de vista, e muitas situações podem causar impactos distintos. Comumente, nas novelas, mostra-se o cotidiano de pessoas de alta renda em bairros nobres do Rio de Janeiro, levando uma "boa vida", enquanto que na periferia a realidade é outra. Receptores de ambas as classes podem ver essas situações de forma natural (quando inclusos), pejorativa ou irreal, quando não fazem parte daquele quadro, ou quando acham que o que veem não se adequa ou corresponde a realidade em que vivem. Séries como "Sexo e as Nega" levantaram muitas questões acerca de racismo, estereótipos e discriminação. Mas essas impressões variam de acordo com a bagagem cultural daquele que vê, sendo que muitos se identificaram com as personagens, enquanto que outros pediram a suspensão da série. Nesse exemplo, podemos ver claramente que o emissor buscou mergulhar naquele universo, mostrando o que influencia nas decisões das pessoas daquele contexto, como a religião, a cultura e os valores familiares.

Links sobre a série Sexo e as Nega, e algumas repercussões



http://gshow.globo.com/programas/sexo-e-as-negas/
http://oneirophanta.org/2014/09/17/10-motivos-obvios-para-nao-ver-sexo-e-as-nega/
http://www.cartacapital.com.br/blogs/qi/sexo-e-as-nega-e-o-brasil-que-nao-entende-ironias-2211.html
http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/o-oposto-do-racismo


Alguns links interessantes sobre Barbero:

http://www.revistas.ufg.br/index.php/ci/article/download/29187/16310

http://www.cambiassu.ufma.br/cambi_2009/dantas.pdf

http://www.youtube.com/watch?v=t0Asm0s9e8g


Conhecimento e comunicação, Jenkins curtiu e compartilhou!


          A tecnologia só vem transformando todos os meios com os quais nos relacionamos e correlacionando todos eles. Agora é possível estar conectado a tudo e todos 24 horas por dia além de ter acesso as mais variadas notícias e assuntos.
          Por exemplo, saindo de casa com apenas um smartphone no bolso, você pode usá-lo para se comunicar com amigos em redes sociais, para se inteirar das mais variadas notícias e assuntos de interesse, para se localizar e achar o melhor caminho até seu destino com um GPS, chamando o taxi mais perto através de um aplicativo, filmando e divulgando um vídeo sobre algum fato interessante com o qual se deparou no caminho, além de assistir televisão, ouvir as notícias pelo rádio, ou simplesmente fazer uma ligação. Resumindo, com tantas possibilidades, como não querer abraçar o mundo?


           O mundo inteiro se conectou e todo mundo pode obter as informações sobre os mais variados assuntos, saciando toda a vontade de absorver conhecimento sobre algo que gostamos  e indo mais além, compartilhando o que já sabemos para proliferar ainda mais conhecimento para a sociedade.  Exatamente essa relação, a de se expressar e passar adiante o que se sabe sobre qualquer assunto que possa ser interessante e recebido por outra pessoa é o que se tem por Cultura Participativa. Com tantos recursos e tanta informação circulando todo mundo pode aprender mais e fazer seu conhecimento auxiliar o próximo. Um exemplo são as fanfictions, onde fãs se juntam e compartilham seus conhecimentos e interagem sobre alguma obra pela qual tenham interesse e aprendem também com outros fãs.



           A partir do momento em que qualquer pessoa pode produzir conteúdo e ter essa informação compartilhada e passada adiante, gera toda uma rede de informações abertas e prontas a serem devoradas pela curiosidade e interesse de um próximo divulgador de conteúdo, formando indivíduos receptores e emissores ao mesmo tempo. Esse conteúdo e essa relação de troca de informações se torna um bem comum, o que Jenkins passa a chamar de Inteligência Coletiva (inspirado no conceito de Pierre Lévy). 

          Até aí tudo bem, tudo está se relacionando e então entendemos que com a tecnologia e a circulação de conteúdos começa a não ser suficiente para quem recebe que passa a também sentir a vontade de passar o que se sabe adiante, gerando a essa cultura e fazendo ela se tornar um bem coletivo. Porém para esse ciclo de pensamentos e teorias se completar na cabeça de Jenkins, falta um conceito, o da Convergência de meios. Essa convergência de meios é o que falo no início dessa postagem, é a relação dos meios de informação e comunicação trabalhando unidos para uma circulação igualitária de conteúdo para todos.

           E um ótimo exemplo de rede colaborativa é o  http://bliive.com/login , acessem lá!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Entender o consumo

Observando o contexto do processo de globalização por volta dos anos noventa começamos a ver o que podemos chamar de convergência dos meios, diferentemente de antes, onde tínhamos um aparelho de tevê por exemplo que exercia somente a função de assistir imagem e som, éramos receptores passivos. Com o advento das tecnologias digitais, vislumbramos uma mudança nas maneiras como lidamos com os meios. Hoje por exemplo pode-se mandar e-mails pelo celular, que é sincronizado ao computador, que podemos liga-lo na tevê para assistir filmes, dentre outras milhares de possibilidades. Essas novas plataformas e ferramentas aliadas a internet começaram a mudar a maneira com que entendemos o fenômeno do consumo. Canclini posiciona a globalização como uma forma de termos acesso a várias informações vindas de diversos lugares do mundo em tempo real. Qualquer pessoa tem a possibilidade de conhecer, interagir com os conteúdos de mídia, e o consumo (de produtos, informação, mídia e etc) se dá de forma muito mais transnacional, pois rompe com as fronteiras locais. Para um exemplo prático, basta olharmos a prateleira de um supermercado qualquer: A maioria das coisas que consumimos, existem em outras partes do mundo. Na gastronomia por exemplo podemos citar refrigerantes e hambúrgueres, presentes em todo o mundo.

Canclini enxerga no consumo um processo de apropriação e uso dos produtos de uma maneira sociocultural, ou seja, o consumo pode explicar a sociedade na medida em que as pessoas se apropriam do sentido que os produtos carregam para suas próprias vidas. Um exemplo prático é o marketing de uma das maiores empresas do mundo atualmente, a Apple. Podemos dizer que marca prega um estilo de vida associado a simplicidade, ergonomia, estabilidade, design, praticidade, entre outros conceitos, ou seja, ela cria significados que remetem ao produto. É o que podemos ver nos vídeos oficiais dos produtos da Apple:




Canclini defende que a globalização não produz uma homogeneização cultural, mas que cada cultura pode ser valorizada em determinados aspectos criando um intercâmbio. Ele enxerga que um consumo cidadão pode ser compreendido também em um nível global, as pessoas querem associar um consumo responsável a suas vidas, um exemplo é a parte de responsabilidade ecológica dos produtos da Apple e a participação da empresa no dia mundial da AIDS:




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Você no meio midiático

Com a junção dos meios midiáticos acontecendo, como por exemplo: um celular servindo como tevê; uma tevê podendo ter acesso à internet; um computador fazendo ligação telefônica.. Nos sentimos a vontade e predispostos a ajudar a criar novas ideias, ou seja, passarmos de somente telespectadores a participantes na formação da tecnologia. Não fazemos mais o papel de indivíduos passivos, que só recebem informação, sentimos também a necessidade de sermos ativos e participarmos do processo.



Jenkins afirma que essa vontade que temos de participar se deve ao fato da facilidade que causou a convergência dos meios, e que essa facilidade vem também na consumação dos produtos. A partir de exemplos fica fácil a compreensão de suas teorias.


O Foursquare 

O Foursquare é um aplicativo de check-in para dispositivos móveis. Criado em 2009, o aplicativo ganhou grande números de usuários.

-Como funciona? 

O Foursquare é uma rede social que lhe permite saber por onde seus amigos andam através de check-in. Ou seja, cada um pode mostrar em tempo real o local em que está. O aplicativo permite que um usuário “curta” um check-in, escreva uma dica sobre onde visitou, crie listas com locais que deseja visitar e interaja com seus amigos. É possível adicionar contatos de outras redes sociais, como Facebook e o Twitter, e do seu telefone, além de ver os lugares que eles estão e saber quando todos estão próximos a você para marcar um encontro.



-Onde o Foursquare se esbarra com a teoria da cultura participativa de Jenkins? 

Quem cria os estabelecimentos, ambientes, praias, cidades, países dentro do aplicativo somos nós. Esse é com certeza o mais legal da rede social, pois ela permite que a gente participe da criação de novos lugares para futuros check-ins. Além de termos a opção de dar dicas de determinado lugar, como por exemplo: ''Padaria Maxi Pão. Lugar agradável; vende uns brioches deliciosos; e também liberarem internet via wireless.'' Essa interação que temos com o aplicativo mostra que além de consumidores de um determinado produto, também somos produtores. Pois além de consumir passivamente, podemos produzir, criar, dar ideias ativamente. 


                                        

                              

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sr. Jenkins vai recebê-los agora


Antes da popularidade da internet nos anos 90, os fãs de séries de televisão, filmes e quadrinhos já escreviam histórias sobre seus personagens favoritos, e é claro que as empresas detentoras dos direitos autorais sabiam que esse tipo de coisa acontecia, mas é um pouco difícil controlar o que os fãs criam quando seus contos são conhecidos apenas por amigos e alguns fãs da série que a pessoa encontrou em uma convenção.
Entretanto a web ofereceu um novo espaço para as criações de fãs, conhecidas como fanfictions, e “os fãs sempre foram os primeiros a se adaptar às nova tecnologias”, escreveu o americano Henry Jenkins, em seu livro Cultura da Convergência. Ou seja, a internet representou e representa um lugar onde se pode experimentar e inovar, onde os ficwriters (escritores de fanfics, para quem não sabe) desenvolvem diferentes estilos de escrita e histórias que até podem ser consideradas controversas por grandes empresas como a Lucasfilm (produtora da saga Star Wars), e a Warner Bros. (dona dos direitos autorais de Harry Potter).
As histórias com conteúdo adulto são o principal exemplo de controverso, afinal a Lucasfilm começou a
emitir alertas aos fãs que escreviam histórias sobre seus personagens favoritos, envolvendo-os em cenas de sexo explícito, apesar de liberar contos não eróticos. O mesmo aconteceu quando a série do bruxinho inglês Harry Potter começou a ganhar fama, porque a própria J.K. Rowling, autora dos livros, incentivava a escrita por parte dos fãs, mas pedia que fossem de conteúdo livre, e liberou para que a Warner emitisse alertas, caso sites com conteúdo adulto veiculassem alguma relação com os personagens da série.
Pode-se dizer que George Lucas (criador e fundador da Lucasfilm) e autores de ficção infanto-juvenil como J.K. Rowling se identificaram muito mais com os jovens que queriam ser cineastas, e faziam fanfilms que um dia poderiam abrir-lhes as portas de Hollywood, ou adolescentes que escreviam contos fantásticos para serem lidos por todas as idades do que com escritores que compartilhavam suas fantasias classificadas para maiores de 18 anos.
Os fãs não tinham total apoio dos criadores de suas histórias prediletas, e talvez tenham ficado decepcionados ou xingado muito no twitter, ou em qualquer outra rede social que as pessoas usavam na época, mas isso não mudou o fato que eles não pararam de criar. Há todos os tipos de história em sites dedicados à essas franquias, mas não só sobre elas. O Fanfiction.net, que conta com mais de 5.300.000 fics, em mais de 30 línguas, é um dos sites mais conhecidos no universo de criação de fãs sobre inúmeros livros, filmes, séries de tevê, mangás e bandas famosas, e foi nesse site que uma fã da saga Crepúsculo postou uma fanfic que veio se tornar o fenômeno editorial que ficou conhecido como Cinquenta Tons de Cinza.
A verdade é que esse tipo de criatividade alternativa encontrou-se com a Indústria Midiática, Jenkins utiliza um capítulo de seu livro tentando explicar-nos melhor essa situação, e ele afirma que “num mundo assim, os trabalhos dos fãs não podem mais ser encarados como simples derivados de materiais comerciais, e sim como sendo eles próprios passíveis de apropriação e reformulação pelas indústrias midiáticas”, e foi 
exatamente isso que aconteceu com o trabalho de Érika James. Ela era apenas uma inglesa apaixonada por uma saga de romance vampiresco, que criou uma fic em um universo completamente novo e menos fantasioso, isso se levarmos em conta que os vampiros e outros seres dos contos de fadas não fazem mais parte da história que ela inventou.
A fanfic Master of the Universe deixou a web em 2011 para virar a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, se tornar um fenômeno editorial em pouco tempo, ficar semanas nas listas dos mais vendidos em vários países do mundo, e se tornar um dos livros eróticos mais conhecidos da atualidade. O filme baseado na história de Christian Grey e Anastasia Steele já foi até gravado. O lançamento acontecerá no dia 14 de fevereiro do ano que vem. Como disse Jenkins, nesse mundo que vivemos, “os produtores precisam dos fãs tanto quanto os fãs precisam deles”.





Postado por: Yasmin Machado Dias



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cultura participativa e inteligência coletiva

     Pierre Lévy é um filósofo e pesquisador na área cibernética e virtual. Ele aborda a inteligência coletiva na forma de experiências partilhadas e trocas de saberes entre as pessoas. É uma forma de colaboração, já que todo ser humano tem algum conhecimento, mas nenhum ser humano tem conhecimento sobre tudo. Nesse sentido, o potencial de interação entre os indivíduos (capital social) constituiria um dos índices de referência para se compreender a forma de propagação das ideias (capital cultural) através de uma infraestrutura de comunicação (capital tecnológico) no interior de uma comunidade, e seu consequente desdobramento ou não em ações coletivas inteligentes.



     A internet é um meio importante para a inteligência coletiva, pois conecta as pessoas de um para todos e não de um para um."Ela possibilita a partilha da memória, da percepção,da imaginação. Isso resulta na aprendizagem coletiva, troca de conhecimentos", disse o filósofo francês. O acesso à informação na internet é democratizado e constantemente atualizado. Assim, um  material de pesquisa completo e coerente não é formado apenas por uma pessoa, mas sim por um coletivo pensante.



                           O site de pesquisa Wikipedia é feito por um coletivo, e utilizado no mundo todo.






      Identifica-se três formas de gerar inteligência coletiva:
      
      1) Inteligência coletiva inconsciente: o usuário contribui com informações mesmo sem saber, pelo simples ato de navegas. Exemplos são clicks em links, figuras, etc. Essas informações são registradas e pelos servidores e poderão servir para posteriores pesquisas e dados.

      2) Inteligência coletiva consciente: modalidade reservada a alguns grupos, sendo necessário o esforço dos membros para sua concretização. O empenho de usuários nos fóruns de discussões em resolver determinado problema é um exemplo.


      3) Inteligência coletiva plena: é aquela que consegue reunir em um mesmo ambiente os dois exemplos anteriores.





        Um exemplo de inteligência coletiva por meio das redes sociais é o You Tube. Os usuários do You Tube postam vídeos para todos que quiserem assistir. Gravadoras do mundo todo possuem canais com clipes de seus artistas, permitindo que os usuários comentem e colaborem com a comunidade. O resultado da soma de milhares de pessoas online e suas contribuições através de comentários, reviews e experiências no uso de produtos e serviços permitiu a criação de uma fonte inesgotável de informação para ajudar na tomada da decisão nas compras online e offline das pessoas.





                      O clipe do cantor Jason Derulo tem mais de 300.000.000 de visualizações



      O livro "Programando a inteligência coletiva", da editora Alta books, 2008, explica como tirar conclusões sobre experiência de usuário, estratégias de propaganda, gostos pessoas e comportamento humano. É uma forma de aprofundar mais o conhecimento sobre a inteligência coletiva de forma mais direta e aplicável.